E tudo começou por
causa de uma discussão sobre os constantes cortes de energia eléctrica, devido
ao enchimento da albufeira da barragem hidroeléctrica de Laúca.
Durante a discussão defendíamos que esse problema podia ser minimizado se tivéssemos
em Angola a Ingula.
O que é a Ingula?
Ingula é o nome da Maior Central Hidroeléctrica de Armazenamento Bombeado Sul
Africana, recentemente inaugurada pelo Presidente Jacob Zuma, para ajudar a
resolver o problema da demanda energética excessiva durante os períodos de pico
ou seja de maior consumo de energia eléctrica.
A central de Ingula produz uma potência
de 1.332 Megawatts (MW) e serve para injectar uma potência adicional a rede Sul-Africana durante
o período de maior demanda energética. Construída desde 2005 com um orçamento
de USD 3.5 biliões de dólares, a barragem de Ingula permite hoje a estabilidade
do fornecimento de energia na região de Kwazulu-Natal e Free State.
E como é que uma
Ingula iria ajudar-nos nesse momento? Ora bem, vamos então entender como
funciona uma barragem hidroeléctrica de armazenamento bombeado.
Uma barragem de
armazenamento bombeado tem dois reservatórios:
Reservatório
superior - como uma barragem hidroeléctrica convencional, uma barreira cria o reservatório.
A água neste reservatório passa pela barragem hidroeléctrica e gera a electricidade;
Reservatório inferior
- a água que sai da barragem hidroeléctrica superior é armazenada em um
reservatório inferior em vez de voltar para o rio;
Utilizando uma
turbina reversível, a barragem pode bombear a água de volta para o reservatório
superior. Isto é feito normalmente nos horários fora do pico energético ou seja no período de menor
consumo de energia eléctrica. Em resumo, o segundo reservatório preenche o
reservatório superior. Ao bombear a água de volta para o reservatório superior,
a barragem tem mais água para gerar electricidade durante os horários de pico de
forma cíclica.
Neste caso, a barragem consome energia eléctrica da linha de transmissão, durante o período de menos consumo energético, para encher a reservatório superior funcionando de forma reversível.
Um outro exemplo
semelhante a Ingula é a central hidroeléctrica reversível de Bath Country - A
maior central hidroeléctrica reversível do Mundo. Com uma potência total
superior a 2.700 MW desde a sua modernização, Bath County mais uma vez
se tornou na usina hidroeléctrica reversível mais potente do mundo. Durante
quase 20 anos, a barragem hidroeléctrica reversível de Bath County, no estado
da Virgínia, nos EUA, foi a maior usina de sua categoria ajudando a manter a
resposta a demanda energética.
Mas como é que a barragem
como a Ingula iria nos ajudar nesse momento se todas as barragens estão localizadas
ao longo do mesmo rio – O rio Kwanza? Uma central hidroeléctrica reversível pode
ser construída num ramal adjacente ao rio, onde a água é somente desviada para
o enchimento dos dois reservatórios, sem impedimento ao fluxo normal do rio.
Se tivéssemos uma
Ingula, teríamos a vantagem de utilizar a mesma para dar resposta a demanda energética
actual, sem no entanto condicionar significativamente o enchimento da barragem de
Laúca. Com uma Ingula podíamos usar a mesma água para produzir energia durante 10 horas sem prejudicar o enchimento da albufeira de Laúca.
A quantidade de água usada para
gerar a energia podia de forma cíclica ser bombeada para o reservatório superior
respondendo assim a próxima demanda energética.
Contudo, depois de Laúca. teremos
a construção da barragem hidroeléctrica de Caculo-Cabaça. Será que também
passaremos pelos mesmos problemas durante o enchimento da sua albufeira? Espero que não…
Continuamos a espera da nossa
Ingula para dar resposta a demanda energética, que continua a aumentar com o desenvolvimento de Angola.
Hoje a África do Sul já conta com duas Barragens Hidroeléctrica de Armazenamento Bombeado - Ingula (1.332 MW) e Drakensberg (1.000 MW)
Compilado por:
Emméry Macedo
Eng. Electrotécnico - MIET
Angola Power Services
Ref: Eskom, SA
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