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Thursday, 9 December 2010
Transportação dificulta distribuição de electricidade
o sector da Electricidade foi um dos que mais sofreu durante os 27 anos de conflitos, mesmo com a cessação temporária das hostilidades em 1991. No seu discurso sobre o Estado da Nação, o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, realçou que tinham sido destruídas “subestações e linhas de transporte e de distribuição de electricidade nas províncias de Luanda, Bengo, Benguela, Huambo, Huíla, Úige, Bié, Kwanza-Sul, Kwanza-Norte, etc”.
Com o advento da paz, segundo o Chefe de Executivo, a geração total de energia no país aumentou de forma expressiva como resultado dos investimentos públicos. Passou de 1.426 gigawatts/hora em 2000, para 4.914 gigawatts/hora (2009). Três vezes mais, como referiu o Presidente.
O crescimento da economia teve grande reflexo na procura de electricidade levando à reabilitação e expansão das infra-estruturas de produção, transporte e distribuição e ao consequente aumento da taxa de electrificação. O Relatório Sobre a Energia no país, elaborado por pesquisadores da Universidade Católica de Angola (UCAN), especifica que no período compreendido entre 2001 e 2005, a procura de energia eléctrica cresceu 36 por cento.
O mesmo documento estabelece que, devido à reduzida fiabilidade no fornecimento de energia eléctrica, em 2007 estimava-se que quase 90 por cento das empresas que operam no país têm geradores próprios, que utilizam em caso de perturbações no sistema.
A principal entidade responsável pela produção, transporte e distribuição de energia eléctrica em Angola é a Empresa Nacional de Electricidade (ENE), que está presente em 15 das 18 províncias do país.
No segmento da produção está também o Gabinete de Aproveitamento do Médio Kwanza (GAMEK), criado em 1980 para coordenar o desenvolvimento de centrais hidroeléctricas.
O GAMEK é responsável, segundo informações avançadas por pesquisadores da instituição católica, pela maior unidade de produção de electricidade existente actualmente no país, com 520 Mega Watts de capacidade instalada.
A primeira fase da barragem de Kapanda, construída no município de Cacuso, em Malange, foi inaugurada em Novembro de 2005 pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, para abastecer seis milhões de pessoas em cinco províncias.
No mesmo ano da inauguração da primeira fase, o Governo aprovou um financiamento para a aquisição de equipamentos e a conclusão da 2a fase do projecto Kapanda. O montante foi cifrado em 113 milhões de dólares, que seriam disponibilizados pelo Banco Unificado da Rússia, e outros 130 milhões que seriam provenientes de uma linha de crédito do Brasil.
Existem outras centrais a operar no país em regime de aluguer. De acordo com o documento citado, destaca-se a de Luanda,com 30MW de capacidade instalada, e a de Cabinda, com 45 MW, ambas pertencentes a Aggreko, líder mundial em soluções temporárias de energia, com operações no Brasil, Venezuela, Chile e Argentina.
A ENDIAMA, empresa diamantífera estatal, é a responsável por várias unidades de produção de electricidade na Lunda-Norte que somam uma capacidade instalada de 15 MW.
Na vizinha Lunda-Sul foi instalada uma unidade hidroeléctrica de Chicapa (Hidrochicapa) com 16 MW, resultante de uma parceria entre uma parceria entre a diamantífera russa Alrosa Vneshtroy (60%) e a ENE (40%). Esta unidade é responsável pelo fornecimento de energia a cidade de Saurimo e para a exploração diamantífera de Catoca.
Em construção está a barragem do Gove, no Huambo, que servia inicialmente para a regulação do caudal do rio Cunene, mas nos próximos tempos vai gerar electricidade.
Em muitas províncias os governos provinciais são responsáveis pela produção e distribuição de energia. Mas, apesar de o sistema eléctrico angolano estar isolado da rede regional da Pool de Electricidade da África Austral (SAPP), existem ligações em média tensão entre os sistemas da NamPower, da Namíbia, e da ENE, na província do Cunene, que atendem as localidades de Ondjiva, Namacunde, Santa Clara e Oyole, assim como algumas localidades do Kuando-Kubango.
Existe uma outra ligação na região norte do país entre a SNEL, da República Democrática do Congo, e o sistema eléctrico angolano na localidade de Nóqui, na província do Zaire.
Consta que existe muito desequilíbrio na distribuição das capacidades produzidas de energia porque os principais sistemas eléctricos do país não estão interligados. O Sistema Norte (SN), que inclui as províncias do Bengo, Kwanza-Norte, Kwanza-Sul, Luanda e Malange, concentra 72 por cento da capacidade instalada do país.
O Sistema Centro (Benguela, Huambo e Bié) e Sul (Huíla, Namibe e Cunene) representam apenas, respectivamente 9, 9 e 7, 7 por cento.
A Direcção Nacional de Energia do Ministério que tutela o sector garante que a produção de electricidade em 2008 era de 1.289 MW, sendo 61 % desta hidroeléctrica.
Transporte
Existem no país três sistemas principais de transporte de energia, o Norte (que se prolonga do Porto de Luanda em direcção ao leste), o Centro (que se prolonga do Porto do Lobito em direcção ao Leste) e o Sul (Porto do Namibe na mesma direcção).
As referidas linhas são geridas pela Empresa Nacional de Energia e o GAMEK. Em 2007 foram concluídos os trabalhos de construção da terceira linha de 220 KV entre Cambambe e Luanda, assim como do projecto de reabilitação da Linha de 220 KV entre Cambambe e Gabela.
Nos últimos meses, Luanda, a capital do país, tem sido fustigada por sucessivos cortes de energia, apesar das promessas de que a situação seria melhor após a entrada em funcionamento das turbinas de Kapanda.
Está em curso a reabilitação e modernização das subestações da Catumbela e Kileva e as subestações da Hidroeléctrica do Biópio. A subestação do Namibe funciona com grandes limitações devido ao elevado grau de degradação por corrosão face a agressividade do mar.
FONTE:O PAIS
Dani Costa
18 de Novembro de 2010
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